A Misericórdia de Albufeira, como todas as Misericórdias Portuguesas, dá cumprimento ao estipulado nos seus Compromissos através da mobilização para celebrar solenemente a espiritualidade da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo.
Neste Tempo Quaresmal e na Semana Maior dos Cristãos, a Misericórdia de Albufeira, que assume a organização de inúmeros momentos cerimoniais, este ano, vê condicionada a sua ação por questões climatéricas adversas. Em articulação com a proteção civil, a Mesa Administrativa decidiu não realizar a Procissão dos Painéis, na Quinta-feira Santa.
Numa missão ancorada nas obras de misericórdia e fortemente inspirada na espiritualidade de amor ao próximo, todos nos afirmamos, numa Páscoa renovada, a entrega ao nosso semelhante e às causas da solidariedade.
Páscoa significa, antes de mais, passagem da morte à vida, início de um tempo novo. Este anúncio de vida precisa de ecoar neste mundo em que se ampliam os sinais de morte, provocada por armas cada vez mais sofisticadas e letais, pela fome e pela doença, que afetam populações inteiras, por doenças ou por cataclismos, estes em resultado, no todo ou em parte, de alterações climáticas a que a ação humana não é alheia.
Neste contexto, o anúncio pascal ressoa hoje como apelo à paz, desafio à solidariedade, compromisso com a defesa da vida e dignidade humanas. Celebrar a Páscoa é reafirmar a convicção de que é possível e urgente outro caminho que promova a vida mais plena para cada um e para todos.
Na celebração pascal, experimentamos e acolhemos a plena liberdade alcançada na ressurreição de Jesus. Ele libertou-nos do mal e do pecado, de todas as formas de prisão, alienação ou condicionamento. A fé é um ato de liberdade. Ratificada no batismo, faz-nos filhos de Deus verdadeiramente livres. A valorização e a promoção da liberdade está na raiz do ser cristão, constitui uma causa da qual não somos dispensados.
A vivência pascal convida-nos, ainda, a fazer um caminho novo. A celebração da Páscoa deve suscitar em cada cristão a mesma atitude de redescoberta da comunidade cristã e o forte desejo de caminhar juntos, com todos e com Cristo que se faz vivo e presente quando dois ou três se reúnem em seu nome.
Apelo a que caminhemos juntos, partindo o pão da eucaristia e partilhando o pão com os irmãos mais pobres, com os imigrantes, os doentes e os que vivem sós.
De modo especial com os jovens, mas juntamente com as crianças e os adolescentes, os adultos, os idosos, abraçamos a Cruz, que é a árvore da vida, para que frutifique em nós a compaixão, a ternura, a misericórdia, o amor, a cultura do encontro e da fraternidade.
Jesus Cristo ressuscitado continua ferido, sobretudo nos doentes, nos reclusos e nas pessoas vítimas de qualquer tipo de violência, nas pessoas com deficiência, nos migrantes e naqueles que andam à busca de sentido da vida e de muitos que perderam a esperança.
Cristo vive e quer-te vivo, como nos apela o Papa Francisco. Que esta Páscoa seja ocasião de renovar o Aleluia e a alegria.
Boa Páscoa em espírito de misericórdia.
Patrícia Seromenho
Provedora da Misericórdia de Albufeira